24 de Agosto de 1954: o suicídio de Getúlio Vargas
Segundo o historiador Marco Antônio Villa, autor de Jango, um Perfil, aos 72 anos Vargas apresentava um certo cansaço e uma indisfarçável solidão. “Durante todo aquele mês de agosto, ele se sentiu abandonado pelos antigos aliados. Com toda a sua história de vida, ele não se submeteria mais à renúncia ou à derrota final do exílio”, diz. Para o presidente, a única forma de impedir a humilhação de uma devassa em sua vida era o suicídio.
Outro ponto pendente é que, vivo, Getúlio, ou pelo menos sua família, teria de enfrentar a Justiça. “A chamada República do Galeão prosseguiria fustigando-o, num processo que talvez culminasse com sua prisão ou a prisão de gente muito próxima a ele”, diz Marco Antônio. De fato, menos de um mês depois da morte do presidente, o IPM que investigava o atentado a Lacerda foi encerrado e o irmão de Getúlio, Benjamim, e o filho, Lutero, inocentados.
Com o suicídio e a comoção nacional que se seguiu, Getúlio transformou seu nome em mito. Não foi uma decisão fácil, mas a percepção que Getúlio tinha de si mesmo, de seu papel histórico, transcendia sua própria existência terrena, de carne e osso.
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